Páscoa: encontro entre a família e o recomeço
By João Lopes e Matilde Castro
Olá,
Nesta edição, decidi experimentar algo diferente: escrever esta newsletter em colaboração. Convidei — ou melhor, perguntei — à Matilde se queria embarcar comigo nesta ideia. E ela aceitou!
Falámos sobre o tema da Páscoa, da família e do recomeço. Partilhámos ideias, experiências e visões complementares. O resultado está aqui, dividido em duas partes: a primeira escrita por mim, e a segunda pela Matilde.
Espero que gostem!
Quando tudo parece terminar… e afinal é só o começo
“O recomeço não é o fim do caminho. É o início de um caminho novo.”
Todos nós, em algum ponto da vida, enfrentámos uma experiência de fracasso. Uma queda. Um momento de contacto com o limite humano. Uma perda. Um tiro no escuro. A sensação de ter falhado a mira, de não ter acertado no alvo.
É um sentimento comum, uma experiência existencial que, tantas vezes, nos leva a repensar o caminho feito — ou até a desistir. Desistir de algo. Ou de alguém.
Pensemos, por exemplo, num empresário com 20 anos de carreira. Uma vida inteira dedicada a um negócio, um esforço constante, diário. E, de repente, tudo termina. Sem aviso. Sem explicação. Nessa hora nasce uma ferida, um vazio — mas também uma pergunta:
Será que esta experiência é mesmo negativa?
Ou será, talvez, o início de algo novo?
Uma oportunidade de começar do zero?
Páscoa: o tempo certo para recomeçar
Celebraremos daqui a poucos dias a Páscoa — e é curioso que ela aconteça precisamente na Primavera, estação da renovação por excelência.
A primavera convida-nos a olhar ao redor e a redescobrir a lógica dos ciclos: depois do inverno frio e rigoroso, chegam os dias luminosos, floridos, cheios de cor e calor. A morte dá lugar à vida. A espera transforma-se em esperança.
Na fé cristã, esta é uma imagem ancestral: algo tem de morrer para que algo novo possa nascer.
E o que a natureza nos diz é exatamente isso — que há sempre uma possibilidade de recomeçar.
Mas para recomeçar… são necessários alguns passos.
1. O recomeço não começa com uma mudança exterior
Quantas pessoas conhecemos que mudam de emprego, de cidade, de estatuto, de relações — e mesmo assim não encontram paz interior?
O segredo do recomeço não está em procurar o lugar certo, mas sim a viagem certa.
O primeiro passo é esse: encontrar o caminho certo.
2. Recomeçar é voltar às origens
Não como punição, nem como derrota.
Mas como uma escolha livre e consciente de partir do essencial.
Recomeçar não é andar para trás, é voltar ao ponto onde ainda éramos inteiros, onde ainda tínhamos ânimo, verdade, direção.
E, acima de tudo:
ninguém recomeça sozinho.
Todo recomeço passa por encontrar alguém.
Um apoio. Uma voz. Um olhar.
3. O recomeço não nasce de ideias, mas da realidade
Muitos vivem de ideais, de objetivos abstratos, de construções mentais.
Mas recomeçar implica partir do concreto, do que somos agora.
Com as nossas forças e fraquezas.
Com o que temos e com o que nos falta.
Sem essa honestidade, não há caminho real.
4. Sem motivação interior, não há recomeço
O que nos move? O que nos faz levantar?
Sem uma motivação pessoal e forte, o recomeço torna-se apenas uma tentativa forçada, sem alma, sem energia.
O motor do recomeço é um desejo sincero.
Um “sim” interior que nos põe em movimento.
5. Recomeçar é um processo, não um instante
Não existe recomeço automático.
Não há reset mágico.
O recomeço é um caminho no tempo, que exige escuta, obediência, paciência.
É como a primavera: aos poucos, a vida volta a florescer.
Mas não acontece num dia.
6. O recomeço não se mede por expectativas, mas por frutos
Não vivas à espera de resultados imediatos.
Recomeçar é dar um passo de fé — muitas vezes sem ver ainda nada.
Os frutos vêm com o tempo.
E, por vezes, nem são aqueles que esperávamos.
Mas se forem verdadeiros, trazem paz.
Trazem sentido.
Trazem vida.
Coragem. Recomeça.
Que esta Páscoa — e esta Primavera — sejam para ti um convite à coragem de recomeçar.
Nunca se recomeça sozinho.
Por isso, é essencial voltar às origens, reencontrar-se com as raízes, com aquilo (e aqueles) que nos deram vida e sentido. E é precisamente aí que a família ganha um lugar central neste caminho.
Por essa razão, passo agora a palavra à Matilde, que nos vai ajudar a aprofundar este tema: a Páscoa vivida no seio da família, como espaço de reencontro e de recomeço.
Olá executores, como estão?
Hoje vou falar contigo sobre esta época que é uma época muito doce, muito achocolatada (digamos assim) e que também é uma época que acaba por ser bastante especial porque temos o privilégio ou a oportunidade de a puder partilhar com aqueles que mais amamos, nomeadamente a nossa família.
“A doçura do chocolate é pouca comparada ao sabor de estar com quem mais amamos."
Páscoa
Inicialmente a Páscoa era algo mais religioso, mas com o passar do tempo deixou de ser algo que era apenas religioso. Transformou-se num feriado cultural e familiar.
A Páscoa (que muitos associam ao coelhinho da páscoa e ao chocolate) deixou de ser apenas isso e tornou-se algo muito maior: passar tempo com aqueles que nós amamos.
O que torna a páscoa especial não são os chocolates em si (embora eles sejam deliciosos, não posso negar), mas sim ter um dia em que podemos construir memórias novas e cultivar momentos junto daqueles que nós mais amamos.
É um momento em que nós podemos descansar do trabalho ou dos estudos e celebrar passando um momento caloroso em família e partilhando doces ou uma refeição feita com muito amor e carinho.
Família e o seu significado
Muitos dizem que a família são aqueles que têm o mesmo sangue que nós ou que são do nosso sangue, mas será mesmo?
Acho que não é preciso ir muito longe para vermos quantas famílias é que estão destruídas por disputas familiares, pessoas que não se falam e no entanto partilham o mesmo sangue, entre outros casos…
Cada vez mais compreendo que a família são os amigos e as pessoas que nós temos á nossa volta, são as pessoas que nós podemos apoiar-nos e que estão sempre lá para nós, família são as pessoas que nos aceitam, amam e acolhem-nos exatamente como nós somos.
Família são as pessoas que nós escolhemos para estarem ao nosso lado tenham elas o mesmo sangue que nós ou não. Isso é família.
“O melhor presente da vida é ter quem te ama por inteiro, mesmo quando és metade”
Família nem sempre é casa e muito menos um lugar, família são as pessoas que vamos fazendo e conhecendo ao longo da nossa vida e que ficam conosco, deixam parte delas em nós e nós deixamos parte de nós nelas.
Espero que tenham gostado, recomendo vivamente o Substack da Matilde — deixo o link para que possam seguir o excelente trabalho que ela faz.
Até breve,
https://substack.com/@matildencastro?utm_campaign=unknown&utm_medium=web